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  • Foto do escritorOrlando Coutinho

Sais tu, ou saio eu?



Nos últimos dias tem sido lançadas dúvidas sobre quem resiste ao pós eleições.

Primeiro Passos Coelho admitiu entendimentos pós eleitorais com o PS sobre questões sensíveis como a Segurança Social ainda que não vença. Por seu lado Costa admite que não viabilizará o Orçamento de Estado se a Coligação ganhar as eleições.

Vamos às questões táticas para passarmos à substância política.

Tudo começa no primeiro debate televisionado em que os comentadores em geral dão a vitória a Costa. Sobretudo o “insuspeito” Prof. Marcelo. E é este o ponto de viragem que leva à pseudo dúvida da pergunta que titula esta opinião.

Quem assistiu atentamente ao primeiro debate, percebe que ninguém o ganhou. Sobretudo os protugueses, que no essencial não viram as questões substanciais do seu quotidiano, como a educação e a justiça, assim como as questões estarégicas internacionais, como a Europa ou os Refugiados, discutidas com o devido detalhe.

Então porque ganhou Costa? Porque “Magister dixit”! E os restantes limitaram-se a seguir-lhe o rasto, porque – não havendo diferenças substanciais entre os debatentes, na forma e só na forma - Costa mostrou-se mais desinibido e Passos apresentou-se na “camisa de forças” de uma governação em que ¾ do tempo foi tutelado pela Troika.

A questão então é: porque é que o Professor Marcelo atribuiu a vitória a Costa? Porque Passos deslizou na questão duplamente repetida por Judite de Sousa sobre o perfil do candidato que o PSD apoiaria à Presidência da República. Ao querer “amarrar” em definitivo Marcelo que “samaritanamente” tem dado uma ajuda à campanha da Coligação, Passos – devido ao excessivo calculismo dos que se adivinham candidatos a Belém – não perspetivou que o “comentador Marcelo” jogasse uma peça no xadrez político: “até te ajudo se não perturbares a minha rota”.

Claro está que Passos não gostou desta “irreverência” e tratou de corrigir o seu próprio “passo”. Percebeu que derrotaria Costa em futuros debates com duas tão simples circunstâncias; primeira: tirando a gravata de Primeiro Ministro e arregaçando as mangas de candidato a novo mandato, apresentando-se como é: desinibido e confiante. Segundo, confrontando o concorrente com o seu próprio programa, uma vez que, qualquer português médio, já percebeu que aquele manifesto é o bilhete de volta da Troika a troco da mudança de poder, o que aliás parece mesmo que será o que está nas mãos dos portugueses decidir.

Mas Passos não se esqueceu de Marcelo. Nem de Rio que, num “golpe de asa”, se colocou em “banho maria” para saber se no dia da República vai a concurso a Presidente dela, ou antes à de S. Caetano à Lapa. Passos, numa cartada pressionou ambos. Esperou os “holofotes” do segundo debate com Costa e insinuou que resistiria a uma eventual derrota. Com isto, pôs Rio a pensar “se Passos não sai resta-me Belém e se quero ir a PR quanto mais tarde anunciar pior, porque Marcelo leva vantagem no reconhecimento público”. Por seu turno Marcelo percebeu o “recado” e muito apesar da evidente vitória de Passos no segundo debate, lá foi dizendo que este “recuperou a confiança nas hostes laranjas”.

Só Costa não percebeu nada disto. Desorientado com o “tropeço” no seu próprio programa, decidiu imitar Passos e dar a sensação que nada o demove da liderança do PS. E que o melhor é tê-lo como PM do que líder da oposição, uma vez que encravaria o país ao não viabilizar o primeiro orçamento; aquele orçamento que passa sempre quanto mais não seja porque deve ser respeitada a vontade expressa em termos de governação e governabilidade da maioria dos portugueses.

Deixadas as táticas, a substância política dá razão ao ainda PR quando diz que os portugueses devem dissipar as dúvidas da governação – embora para muitos não se afigure fácil – e dar uma maioria clara a um projeto político, seja ele qual for, de modo a que a estabilidade política possa ser alcançada sem que Portugal perca o que até aqui conseguiu.

Quanto ao mais e seja qual for a dramatização, já sabemos que a velha máxima Queiroziana se aplicará a quem quer que perca as eleições; por maioria de razão mas sobretudo por “higiene democrática”.

Bem Vistas as Coisas sairá quem perder. Exceção feita aos partidos de pequena ou média dimensão que muitas das vezes só precisam de “recauchutar” a roda para que o carro continue a andar.


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