Corria o mês de maio de 2014 quando decidi compilar alguns dos poemas que nos “loucos anos da juventude” ousei regurgitar em papel. Afinal faltava um mês para sublimar o eu, no nós e renascer na condição de “pater famílias”. Pareceu-me, aquele ritual de passagem, o momento apropriado de homenagear a Mulher, naquela, que me escolhera e era a condensação de todas - a quem me juntaria, de papel passado, “até que a morte nos separe”.
Viria a descobrir mais tarde que só sei fazer mulheres e que o opúsculo poético a que chamei Etéreo Feminino, seria mais um “eterno feminino”! E que bem que assim é…
Hoje 8 de março de 2018, comemora-se mais um Dia Internacional da Mulher.
O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, continua uma obra atual pelo valor filosófico e pela construção empírica do ser que a sociedade de hoje teima em manter com base numa força, que não do espírito, que nos amarra labirinticamente numa catalogação desusada e que na prática ainda promove subjugações antigas para problemas hodiernos.
Na minha enviesada visão sobre a magnitude da Mulher, resolvi pegar num tema – o amor – em que, talvez, os papeis estejam “corretamente?!” controvertidos.
Socorri-me do “Etéreo” para lembrar, hoje, como em todos os dias, a Mulher, símbolo maior do Amor. Cá vai então um dos poemas dos anos idos…
ENCONTROS FATAIS
Hoje encontrei-me contigo,
Naquele jardim de amor impreciso.
Hoje encontrei-me sem ti, porque vieste,
Sem sentido!
Quem dera - a um - que o amor, desigual, não fora correspondido…
O amor é sempre tempo perdido!
E como é bom perder tempo mesmo não sendo a dois…
Tépida reacção de hermenêutica incompreendida,
Será nossa ontologia disjunta?
O Ido compassado, deste desabafo, põe-te Ida num pretérito mais que perfeito!
Eidéticas passagens tornaram-se assim,
Vultos perdidos em ti
E em mim.
Porque me sujeito?
Enfim,
O amor é um bandido sem princípios!
E estando meio,
Vislumbra o fim…
Bem Vistas as Coisas, hoje, também, é dia de celebrar a mulher.