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Intimação

  • Foto do escritor: Orlando Coutinho
    Orlando Coutinho
  • 29 de out. de 2018
  • 1 min de leitura


Abre em nome da lei. Em nome de que lei? Acaso lei sem nome? Em nome de que nome cujo agora me some se em sonho o soletrei?

Abre em nome do rei.

Em nome de que rei

é a porta arrombada para entrar o aguazil que na destra um papel sinistramente branco traz, e ao ombro o fuzil?

Abre em nome de til. Abre em nome de abrir, em nome de poderes cujo vago pseudónimo não é de conferir: cifra oblíqua na bula ou dobra na cogula de inexistente frei.

Abre em nome da lei. Abre sem nome e lei. Abre mesmo sem rei. Abre sozinho ou grei.

Não, não abras; à força de intimar-te repara: eu já te desventrei.

Bem Vistas as Coisas, hoje - no Brasil que Carlos Drummond de Andrade poetizou - a ditadura intimou a democracia atirando: "Não, não abras;/ à força de intimar-te repara:/eu já te desventrei."


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Criado por Orlando Coutinho @ 2015.  

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