Karl Jaspers não é um filósofo fácil de entender, nem a sua proposta de existencialismo é de dissecação escorreita. Ainda assim - porque a sua formação tergiversa entre várias ciências, o discernimento nas sociais e humanas, com a particularidade da filosofia por um cunho metafísico que se subleva – é importante a sua revisitação.
Nada mais nada menos que este pequeno livro do qual deixo alguns “acepipes preluditórios”.
Diz, na página 45 (nona edição da Guimarães editores, 1998): «Os filósofos do nosso tempo de bom grado parecem iludir a questão da existência de Deus. Não afirmam nem negam a sua existência. Mas o filósofo é responsável; se a existência de Deus é posta em dúvida deverá dar uma resposta, a não ser que se entrincheire numa filosofia céptica que não afirma nem nega, ou se restrinja ao saber definido e objectivo, que é o conhecimento científico, e abandone a filosofia dizendo: do que se não pode saber não se deve falar». Uma provocação inteligente que nos convoca para uma das questões centrais da existência humana.
Um pouco mais à frente na página 107, a convocação é outra, mas não menos relevante para a definição da nossa própria identidade: «Quando, como indivíduos, vemos a nossa vida dissipar-se arrastada na incoerência de acasos e acontecimentos de força maior, perante a história que nos parece ter chegado ao seu termo deixando atrás de si o caos, procuramos superá-la e assim vencê-la».
E deixo-vos, a última “atração” que espero vos convide à leitura: «Filosofar é decidirmo-nos a despertar em nós a origem, é reencontrarmo-nos e agir, ajudando-nos a nós próprios com todas as forças», é na página 120.
Boas leituras!
Bem Vistas as Coisas, para existir é preciso pensar, ou seja, iniciar um caminho filosófico.
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