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  • Foto do escritorOrlando Coutinho

É Fogo que arde sem (nada) se ver…

Atualizado: 20 de jul. de 2019



A estrofe do conhecido poema de Camões, que ao findar o primeiro terceto tem outra não menos interiormente violenta: “É ter com quem nos mata lealdade”, transporta-nos ao amor – que, no caso, temos a Portugal. E é tão literal esta última estrofe…

Todos os anos o Inferno é o mesmo.

Portugal gasta milhões de euros em “prevenção” e combate aos fogos e o país arde de modo incompreensível.

Vários são os personagens mediáticos que alertam em permanência para o que se está a passar. Hernâni Carvalho, que fala na “industria do fogo”, Paulo Morais, que fala na corrupção, Luís Marques Mendes, que reporta a burocracia estatal onde se perde o dinheiro.

Ouve-se depois, à boca pequena, o povo mais velho, com a incómoda, mas real, afirmação: << No tempo do Salazar não era nada disto…>>. Bem certo é que não estamos em tempos de regressar à licença de porte de isqueiro. Mas estamos, bem a tempo, de penalizar fortemente as mãos criminosas que ateiam e beneficiam com os fogos.

Não há governo, de cor política nenhuma, que seja capaz de pôr fim a esta miséria?!

Não há quem queira pôr subsidiados – com o fim específico - de limpar a floresta? Já que há tanto dinheiro que vai pelo ralo…

Não há Chefe de Estado que, em vez de afetos, ponha as forças armadas – já que é seu supremo comandante – nesta operação patriótica de salvar o país (povo e património) do fogo?

Parece que não! Decreta-se três dias de luto. Faz-se mais um plano de contingência. Põe-se o povo, sempre solidário, a telefonar para umas linhas de apoio e atira-se mais uns quantos milhões para o problema que – está mais do que visto - não se quer resolver.

Acrescenta-se umas conferências de imprensa para os abraços da praxe e já está.

Um descaramento!

Uma vergonha!

Os portugueses não merecem isto!

Nem sequer uma mínima consequência política...

Está mais do que estudado como se combate, tudo isto, mas sobre essa matéria não dedicarei uma sequer linha para desperdiçar latim com decisores que não se aprestam a ouvir o que já foi dito por muitos especialistas na área.

Só resta terminar com Pessoa: “Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!” e com um sentido pesar solidário a todas as famílias destruídas neste fim de semana em Pedrogão Grande.

Bem Vistas as Coisas, Portugal, tem de acabar de vez, com os lóbis e interesses espúrios da “industria do fogo”, de contrário, deixa de ser um país – passa a ser um sítio. Ardido, por sinal…


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Criado por Orlando Coutinho @ 2015.  

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