Em dia de comemoração de uma das mais simbólicas datas da nossa pátria, 25 de abril de 1974, resolvi evocar um ativista cultural que através da sua voz e no país vizinho, Espanha, foi também um resistente da ditadura franquista: Paco Ibáñez. A música em anexo sintetiza o que seguidamente vos digo.
Faço-o hoje, numa conjuntura europeia cada vez mais preocupante em que os nacionalismos se tentam apropriar do verdadeiro patriotismo. Há diferenças significativas entre ambos os conceitos, mas hoje, por ser a data que é, só refiro um: a segurança. De facto, os valores seguros não precisam de excluir ninguém para se afirmarem. Num clima de medo, de intolerância e de preconceito emergente é quase uma ousadia dizer isto. Mas faz falta que se diga. Tanta quanta a degradação latente do respeito da Liberdade e da Democracia que vemos em diversas geografias do globo. A França, sempre vanguardista, deu – na primeira volta das presidenciais – mostras de uma solidez ímpar, ao aplicar uma disrupção sem recurso a "trumpismos" à lá europeia, apesar do “teste de stress” poucos dias antes do evento. Que assim se mantenha nos próximos 15 dias e anos vindouros.
Há 25 anos um governo português colimava pelo veto a extinção de uma “fé literária”, diferente da minha e da maior parte dos portugueses, exatamente por este facto: por ser diferente. Saramago, cujo o “Evangelho Político” se situa nos antípodas do meu, continua a ser um enorme escritor que não merecia o “exílio” por ser minoritário. A qualidade da sua cultura haveria de ser, justamente, galardoada sem que os nossos inquebrantáveis valores fossem abalados. Como é bom estar apaixonado pela Democracia.
Sem moralismos, mas invocando uma ética coerente, seria obra que os defensores da Democracia e da Liberdade, não escolhessem geografias para a afirmação destes modelos de exaltação do Humano (a mais bela criatura de Deus).
Porque a unidade se constrói na diferença, hoje endereço um Abraço Democrático a todos os que pensam diferente de mim. E o meu mais sincero desejo é que não se ofendam por eu pensar diferente. Se conseguirem isso, por mais diferente que pensem de mim, podemos continuar a ser amigos, porque:
Bem Vistas as Coisas, a Liberdade é inegociável.