A iniciativa que a Câmara Municipal de Guimarães e o Cineclube levam a efeito há já vários anos, denominada Cinema em noites de verão, constitui-se como um marco indelével da programação cultural local.
Fruída no Centro Histórico, esta atividade, que prende os vimaranenses e os veraneantes que nos visitam em Agosto, traz à tela uma seleção de bons filmes para deleite de quem mescla a “Ágora classificada” com a sétima arte.
Este ano com destaque para duas películas que me fascinaram. Cada uma a seu modo mas, na verdade, ambas, como veículos de rasgo de horizontes, de afronta a preconceitos e de imposição da qualidade individual – numa metonímia de grupo, ou raça - pela arte, dando à sociedade um espectro real de quem é distinto na sua profissão e as suas opções de vida ou as simples circunstâncias naturais não relevam ou não deveriam relevar para o reconhecimento daqueles humanos em concreto. Falo, em primeiro lugar, do Green Book – Um guia para a vida, baseado em factos reais, que retrata um famoso pianista negro, Don Shirley, que procura normalizar a presença de alguém de cor a plateias eminentemente brancas; claro que a preciosidade está em fazê-lo no sul dos Estados Unidos, um terreno ainda hoje “minado”. Uma boa trama que contra a estereotipagem rácica. Um segundo, Bohemian Rhapsody, que nos traz uma visão dos Queen e de Freddie Mercury que nos deixa a certeza de um ser humano ímpar, exímio na sua arte, que se tornou icónico na comunidade homossexual e fez ver a todos os outros que uma eterna lenda da música pode ter a sua opção sexual sem que isso a deixe de tornar a mais reconhecida e prestigiada personagem do seu meio.
Numa altura em que a Pólis discute os testes de stress do seu Centro Histórico, fica a certeza que este marco cultural é um encontro do bem, sem a funesta massificação e mercantilização turística.
Bem Vistas as Coisas, as noites estivais têm mais encanto com a sétima arte.
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