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  • Foto do escritorOrlando Coutinho

Contra a Democracia

Atualizado: 26 de abr. de 2023


O Brexit, a eleição de Donald Trump, os impulsos da extrema direita na Europa e a degradação institucional na Venezuela levam muitos académicos e pensadores a pôr a democracia no divã e a tentar perceber o que tem falhado para que — em níveis diferentes e de acordo com os exemplos facultados — os dados vitais do sistema democrático, dito ocidental, sofram algumas transmutações. Destas “psicoterapias políticas” resultam vários estudos e teorias, com maior ou menor fundamentação, para aferir se o sistema democrático já deu tudo o que tinha a dar e “necessitamos” de outro, ou se — por seu turno — há espaços reformistas que levem a uma condução mais aprofundada do diaporama institucional de molde a que ele responda às necessidades que — o principal desígnio do sistema, o povo, vai apresentando.

Da América surgiu um pensamento há muito em laboratório: a epistocracia. Uma espécie de tecnocracia política conduzida por “conselhos de sábios” que colocaria travões às decorrências habituais das democracias. A síntese, deste pensamento, vem escalpelizada e argumentada neste livro, Contra a Democracia de Janson Brennan. Tem edição portuguesa, a primeira, datada de junho de 2017, pela Gradiva e merece uma visita.

Tive oportunidade de refletir, instado pela amiga Glória Pimenta, sobre isto, numa recensão que mereceu honras de publicação (ver aqui) na edição número 9 da Revista Portuguesa de Ciência Política, órgão tutelado pelo Observatório Político, do qual sou membro associado, e que, como todos poderão aferir através da visita à sua página na Net, constitui-se como uma instituição de investigação científica em estudos políticos, que ganhou autonomia como um centro de investigação independente de excelência, depois de criada em 2009 pelo Conselho Científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A sua atividade estende-se à pesquisa sobre as dinâmicas das estruturas e processos políticos, da constituição das elites políticas, das alterações das estruturas político-sociais, assim como as articulações entre o poder político e a sociedade civil. Trata-se, portanto, de um organismo independente de estruturas político-partidárias, do poder político e dos órgãos de soberania.

Além da honra e do enorme gosto que me deu discorrer sobre o tema nesta revista científica, partilho com os meus parcos leitores a preocupação sobre o estado da democracia no mundo e a necessidade de ficarmos (nós democratas) vigilantes.

Bem Vistas as coisas, a democracia é uma flor que precisa de ser regada todos os dias.

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