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  • Foto do escritorOrlando Coutinho

Censura



O CDS apresentou em sede de Assembleia da República uma Moção de Censura ao Governo das Esquerdas unidas, vulgo geringonça.

Só uma destas moções, na história democrática do país, teve a consequência constitucionalmente prevista, ou seja, derrubar o Governo em funções.

Porque razão, então, este dispositivo – pouco eficaz quanto aos fins legalmente previstos é usado pelos diferentes partidos? Porque, normalmente, pela análise que fazem do sentimento do país, ocorre uma ou várias situações de particular gravidade que fragiliza o Governo em funções quanto à sua autoridade e/ou legitimidade e capacidade regeneradora de pôr fim a essas mesmas ocorrências.

Sobre os fogos que assolaram o país, o CDS decidiu censurar as esquerdas unidas e cúmplices.

De facto, o Governo, merece censura.

Merece censura porque o ano de 2017 fica para a história como o pior de sempre em perdas de vidas humanas: mais de uma centena.

Merece censura porque o ano de 2017 fica para a história como o pior de sempre em área ardida: 500.000 hectares.

Merece censura pelos interesses partidários do PS que fizeram mudar as equipas distritais de proteção civil (sem tempo para tomar conta de uma missão deste nível) a pouco tempo da época dos fogos

Merece censura porque a Ministra – demitida pelo Presidente da República, já que o Primeiro Ministro nada fez – revelou incompetência e descoordenação para operacionalizar os serviços do Estado no combate aos fogos.

Merece censura porque a Ministra nada alterou de uma tragédia para a seguinte, os procedimentos de ataque a este flagelo.

Merece censura porque os socialistas ignoraram todos os avisos meteorológicos que indicavam riscos agravados, infelizmente verificados.

Merece censura porque diminuíram a capacidade de resposta – meios técnicos e humanos – apesar do tempo estar propício a fogos.

Merece censura pelo desinvestimento, deste governo,nos últimos dois anos, numa área do Estado fulcral que é a da segurança das pessoas.

Merece censura pela insensibilidade do Secretário de Estado que não se coibiu a sugerir “salve-se quem puder”; “não esperem pelos bombeiros”; “sejam proativos e resilientes”

Merece censura porque o Primeiro – Ministro respaldou a incompetência da Ministra, a insensibilidade do Secretário de Estado, secundando-os com um “isto vai voltar a acontecer” ou seja, não temos capacidade para evitar, ou traduzindo: não sabemos governar os recursos ao dispor.

E todos estes argumentos geram aproveitamento político como dizem alguns? A resposta é simples: não! Porque é tão só o direito à indignação que tantos portugueses sentiram. Perante a dor e choque de uma tragédia, a insensibilidade dos governantes travada a tempo pelo Presidente da República que – esse sim – ao pôr ordem na casa evitou que António Costa cometesse mais erros que o obrigasse a usar a “bomba atómica” – que ficou pela ameaça futura – caso as trapalhadas continuassem com prejuízo da segurança do povo.

O efeito da moção já o sabemos. O BE e o PCP, que Costa meteu ao bolso, não se distinguindo do PS, vão sujar as mãos de cinza e sangue para alterar os escalões de IRS, reprovando-a. Fazem bem – como disse o PR – para “evitar equívocos” futuros.

Esta moção deste tipo é um ritual democrático que serve somente para assinalar o divórcio de um país vestido a preto com um governo "rosa choque" atento às sondagens.

Bem Vistas as Coisas, a Moção de Censura traduz a indignação que os portugueses levam na alma pela insensibilidade do Governo com o seu luto.


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