A “estória” resume-se rapidamente.
A organização do maior encontro internacional de tecnologia que se realiza em Lisboa – Web Summit – decidiu convidar para oradora a líder neofascista francesa Marine Le Pen.
Sendo um evento privado, cada um dá-se com quem quer, embora a normalização e propagação do fascismo na Europa e no mundo seja preocupante. Veja-se, por exemplo, o tempo de antena que deram a Trump durante anos a fio na América. Deu no que deu e agora pagamos todos… O mesmo se prepara no Brasil com Bolsonaro. Na Europa os casos da Hungria e da Itália são conhecidos e na França esta senhora galopa a olhos vistos com a simplificação, embrutecimento e normalização da xenofobia, do purismo rácico e de outras atoardas que – há menos de 100 anos – deram no que muitos querem fazer esquecer.
A questão de saber se devemos acolher este tipo de enxovia em Portugal tem merecido acesas paixões nas redes sociais. À esquerda – extrema – não fosse a antítese da formulação, dir-se-ia que se trata de um pecado! À direita, a normalização do assunto e o claro branqueamento das suas políticas é até sinalizada ao jeito de << eu não tenho nada a ver com aquilo, mas deixem lá a senhora falar>>. A mesma direita que se preocupa com os portugueses na Venezuela é a mesma que ignora o igual destino daqueles que estão em terras gaulesas se a senhora tomasse conta do assunto…
Mas cinjamo-nos à verdadeira discussão, que essa tem estado arredada, por simpatias de tendências que serve somente para depurar o trigo do joio.
A verdadeira discussão é a de saber se, dinheiros públicos, de todos nós, o meu e dos escassos leitores deste esparso, devem, ou não, patrocinar um evento que conte como cabeça de cartaz uma figura deste tipo. E a resposta é simples: não! São milhares de Euros previstos, quer pela Câmara de Lisboa, quer pelo Estado central, de patrocínio ao evento.
Recentemente tivemos no Porto Barack Obama. Ao que sei com dinheiros privados. É assim que tem de ser.
Os liberais, que agora se aprontam em erguer alto a bandeira democrática, a liberdade de expressão etc., e que defendem menos Estado, não se importam que os seus impostos vão para isto?! Estranho, no mínimo! É rabo escondido com gato de fora! E para esse peditório não dou! Já basta uma Constituição que proíbe, em Portugal, só uma parte dos totalitarismos e que, por essa via, patrocina inimigos da Nato, do projeto Europeu e afins. Não! Já pago demasiados impostos para os totalitários de esquerda. E não quero pagar para ressuscitar os de direita, por via da disseminação de ideias personificadas nesta senhora. Se querem matar saudades, vão a Santa Comba e velem o homem, mas poupem a minha carteira. O mesmo queria dizer dos outros, mas, porque o meu espaço político não tem sido suficientemente assertivo, nas governações que teve, para – por via do voto – tornar insignificante o restolho soviético, não quero pagar para mais! Como diz a publicidade da cerveja: << Vão todos para Punta Cana>>! É mais soalheiro e talvez melhore o gap- tecnológico!
E pelos vistos a senhora já não vem. Do mal o menos…
Bem Vistas as Coisas, com os meus impostos, dispenso presenças totalitárias: à esquerda, ou à direita.