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  • Foto do escritorOrlando Coutinho

Jesus Cristo, o Político

Embora já estivesse no prelo em vida, o recente lançamento pela Bretrand, deste pequeno opúsculo, com menos de cem páginas, titulado como "As Ideias Políticas e Sociais de Jesus Cristo", é mais uma excelente obra que Freitas do Amaral nos deixa.

Lê-se numa tarde, com a inconfundível clareza com que Freitas do Amaral sempre escreveu, fascinando o mais simples leitor de ocasião, ao mais ilustre lente académico.

E não podia ser mais atual este lançamento.

De um ponto de vista mais genérico, pela pressão globalista que nos atirou para um neoliberalismo mais radical cujo epicentro aponta para as liberdades individuais, contudo, mais não faz do que uma separação muito evidente daquilo que são comportamentos egóicos e que se traduz na acumulação desproporcionada e afunilada de riqueza para uns, fazendo crescer a legião de pobres, a cujo próprio conceito de Estado, dantes social, agora mínimo, não consegue valer.

Por outro lado, porque os projetos políticos contra-hegemónicos - quer à esquerda, quer à direita – que se veem pulular ante o libertarismo mais tonalizado, estão assentes num populismo exacerbado tendente à radicalização dos diferentes hemisférios políticos.

Falta, pois, o “Equador”. E é nas chamadas “velhas ideologias”, onde estão inscritas a Social-Democracia e a Democracia-Cristã que podemos encontrar alguma inspiração para respostas mais moderadas.

O facto de em Portugal, por estes dias, os dois partidos herdeiros destas duas correntes estarem a votos sobre o futuro modelo social que querem apresentar ao país, devia fazê-los convocar à matriz doutrinária de cada um deles. Ao que se vê – falarei do que conheço melhor, por vínculo – no CDS não há um único dos anunciados candidatos que invoque o seu fundador: Diogo Freitas do Amaral. Uns bem falam em assumir a História por inteiro, mas o mais que vão é ao Grupo de Ofir, ignorando as sapientes elocuções semanais no DN que Adriano Moreira faz, ou então fazendo uma dicotomia ideária entre Freitas e Amaro da Costa, quando ambos comungavam entre si. Esta vergonha do CDS em assumir Freitas do Amaral e sobretudo o seu legado político, temo, dissolverá o partido entre o Chega e o IL.

O invocado é suficiente - para aos interessados na política de dimensão filosófica e aos que ainda se dedicam à “trolha partidária” – para o convite que deixo a esta agradável leitura de um Cristo que pregando se subsumia num extrato político que – por mais voltas que o mundo dê – se mantém atual.

Bem Vistas as Coisas, Freitas do Amaral faz uma bela tradução política das ideias de Jesus Cristo.

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