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Foto do escritorOrlando Coutinho

Noites Brancas


Falar de Dostoiévski é, necessariamente, perpassar por temas que vão da filosofia à religião, da psicologia à política.

Pela complexidade, uma boa iniciação literária ao autor, pode ser mesmo este título, Noites Brancas, o primeiro estágio para entrar na sua fascinante obra.

Da ambição utopista, centrada num amor icónico, pervagando por um romantismo quase quixotesco, o inominado Sonhador, agarra-se a uma esperança sentimental que mais o define a ele do que à própria situação que se lhe sucede, por força do seu ardente desejo, vive e que cria - numa cidade, aparentemente majestática, contudo, introspetiva, mais convidativa à perscruta do eu interior como forma de auto compreensão e de, por essa via, seguir em busca do equilíbrio possível num mundo que, em análise circunstanciada, se apresenta desprovido de sentido humano individual.

Por seu turno, a agrilhoada dona do cupido do Sonhador, de fantasiada a quiçá real, está presa ao conceito orgânico social que no fundo faz funcionar as coisas como são. Não deixa de “pôr o pé em ramo verde” nesse amor irrealista ou idealista, como quiserem. Mas, sem preconceito algum com o género, mais – adivinhando a função messiânica da continuação divina da humanidade, as mulheres, corporizadas em Nástenka, acabam por dar o fio condutor possível nesta marcha que ruma ao desconhecido?!

A trama é por isso cativante, já que – todos, felizes os que o conseguem – inevitavelmente sonhamos, e em crepúsculos, ousamos experimentar, a alma gémea provinda do amor ideal.

Bem Vistas as Coisas, o (sonho do) verdadeiro amor, dá-se em Noites Brancas.

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