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Sinais de Alerta

Foto do escritor: Orlando CoutinhoOrlando Coutinho


Algumas notas que põem a nu o niilismo em que mergulhou Portugal desde o putrefacto adeus do oportunista Durão Barroso e que fazem perigar a democracia.

1. Assimetrias sociais

Taxa de pobreza atinge 20% da população; benefício desproporcionado de classes superiores (juízes, por exemplo); classe média esguia e carregada de impostos; trabalho precário a preços baixos; mobilidade social com elevador encravado; diferenciação clara de quem vive no litoral e no interior; etc.

2. Desinvestimento na política educativa

Quebra da autoridade dos professores, aqueles que põem o povo a pensar, a construir e a agir em consciência social; desvalorização salarial, achincalhamento público e diminuição de direitos; municipalização: do projeto pedagógico e das estruturas eletivas da gestão da escola, colocação discentes, qualquer dia de docentes; aumento de alunos por turma; diminuição de funcionários; privatização das refeições, cada vez em pior qualidade; ensino para ricos (nos colégios) e para pobres (no público). Etc.

3. Degradação dos serviços públicos

Na saúde, mortalidade infantil a subir; cirurgias que não se realizam porque os doentes morreram; longas listas de esperas no atendimento diário e no programado; encerramento de serviços básicos; crianças com cancro tratadas em contentores; tratamentos caros só após levantamento popular… Nos transportes, caem motores nos comboios, há linhas suprimidas, falta de segurança geral; atrasos por falta de pessoal; retirada de bancos para caber mais gente, passes baratos nas metrópoles mas sem capacidade de resposta; no interior sem rede; fechos de postos de CTT, agências da Caixa, tribunais, hospitais e outros serviços no interior; aumento das idades de reforma com menores pensões quebrando o contrato social; panóptico fiscal; caça à multa em vez de prevenção; cativações excessivas; finanças a mandar em tudo. etc.

4. Quebra da autoridade do Estado

Roubo de material militar das Forças Armadas; Proteção Civil entregue a boys partidários; Portugal a arder sem consequências para incendiários e mandantes; polícias condenados por meterem na ordem adeptos de futebol; Militares mobilizados para interesses particulares e/ou corporativos. Forças mal pagas, agredidas e desmotivadas.

5. Corrupção generalizada

Fuga de capitais para offshores; favorecimentos políticos; roubos, desvios e derivados no Orçamento de Estado e das autarquias. Promiscuidade entre privados e Estado; ex-Ministros nas empresas que beneficiaram enquanto governantes; Sócrates, submarinos, sobreiros, Salgados, genros de Jerónimos, Robles e outros oportunismos degradantes.

6. Favorecimento de oligarquias

Parcerias Público Privadas enredadas em teias de corrupção e favorecimento; Rendas excessivas na eletricidade; gasolina mais cara da Europa; especulação imobiliária nos grandes centros urbanos; grandes empresas com lucros galopantes devido a benefícios fiscais; escritórios de advogados a dominar o parlamento e a beneficiarem de ajustes diretos de milhões; etc.

7. Justiça inerte

Retirada da procuradora que investigava corrupção no Estado; bancos falidos sem julgamentos ou prisões; procuradoria a dar pareceres a favor do governo; julgamentos adiados e justiça demorada; justicialismo de toga medieval com pobres, mulheres e excluídos.

8. Imprensa amestrada

Os comentadores políticos em Portugal são ex-políticos e todos com associações a momentos menos felizes da história recente. Os panamás papers desapareceram misteriosamente depois do Expresso prometer a sua divulgação. O diretor de política do principal canal privado é irmão do Primeiro Ministro que tem outros agentes no regulador e no canal público.

9. Nepotismo

Amigos, primos, enteados e afins na administração pública; nas empresas com ligações ao Estado; na Banca; nas Entidades Reguladoras.

10. Alienação institucional

O torpor - em que se enredaram: partidos políticos (sobretudo da oposição que ante tudo isto não se ouvem), centrais sindicais, movimento cultural e associativo, a sociedade civil como um todo - é uma evidência. Limitam direito à greve sem reclamação geral; salários baixos com resignação; altas cargas horárias para uns e desemprego para outros; assistencialismo social provocador de dependência.

Ora o que temos é um povo entregue a si, sem referenciais, sem capacidade de luta.

As forças armadas desacreditadas. As polícias a viverem miseravelmente arriscando o pêlo por elites que continuarão nos vernissages da corte a decidir o rumo das vidas menores.

Papa Francisco diz que “esta economia mata”, mas é voz no deserto mesmo dentro da sua Igreja.

Uns chamam-lhe liberdade, outros, globalismo, outros ainda, capitalismo desenfreado.

Neste campo fértil, lavrará a peste fascista, ou comunista (que os vampiros soviéticos cá do burgo há muito estão preparados), ou outra derivação autoritária moderna de tipo degradante como polvilham por essas geografias a fora.

Bem Vistas as Coisas, a democracia está a afogar-se; os sinais evidentes estão aí, só não vê quem não quer.

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Criado por Orlando Coutinho @ 2015.  

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