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Social-Democracia Moderna


A propósito das presidenciais, a candidata do Bloco de Esquerda, afirmou-se social-democrata.

Não podemos dizer que laborava num grave erro de enquadramento ideológico quando apregoava as origens da social-democracia provindas da sua família política em sentido lato. Contudo, nem a prática de Marisa, que é mais “Bakunina”, se coaduna com a genética da nomenclada ideologia, nem o conceito estancou nos “revisionismos” da segunda internacional. Há um longa história e práticas políticas que nos conduziram à formulação do conceito de social-democracia – entretanto agrupada como família política europeia – onde cabe o PS e não o BE, ou sequer o PSD.

Não obstante o PPD/PSD nasce social-democrata - embora despojado por Soares da família política europeia, talvez bem, porque Sá Carneiro era tido como um social-cristão progressista – e acabou por ser acomodado no Partido Popular Europeu.

A figura peculiar que sempre foi e é Cavaco Silva – o não político com a carreira mais longa no topo do Estado democrático em Portugal – ensaia, num livro convidativo, uma validação social-democrata moderna. Na minha opinião, para lá dos aspetos propagandísticos e de ego que sempre comportaram o antigo Chefe de Estado, penso que delimita bem os valores e a ação de uma social-democracia moderna. Com todas as incongruências e pesares – que não foram poucas e com lastro que chega aos nossos dias, por abruptas interrupções éticas – Cavaco foi, efetivamente, precursor de um modelo social-democrata moderno. E descreve-o no livro, que de interesse relevante do ponto de vista “académico-ideológico” tem o primeiro capítulo, senão vejamos: aponta a independência que deu à comunicação social, ao surgimento da concertação social, ao projeto educativo como veio de promoção da igualdade de oportunidades, à construção generalizada de hospitais e centros de saúde, à solidariedade e justiça social, assim como, ao papel da iniciativa privada numa economia de mercado. Com tudo por fazer e com o apoio de outro social-democrata em Belém, pode dizer-se que – apesar dos pesares – foi uma bem conseguida experiência social-democrata moderna; bem longe dos “paraísos” albaneses com que Marisa se identifica e que por sua ação direta ou indireta, infelizmente para os portugueses, parece hoje mais próximo.

Bem Vistas as Coisas, Cavaco foi um verdadeiro social-democrata, não por acaso, com quatro maiorias absolutas.

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